sábado, 12 de março de 2011

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Sai-me dos dedos a carícia sem causa,

Sai-me dos dedos… No vento, ao passar,

A carícia que vaga sem destino nem fim,

A carícia perdida, quem a recolherá?



Posso amar esta noite com piedade infinita,

Posso amar ao primeiro que conseguir chegar.

Ninguém chega. Estão sós os floridos caminhos.



A carícia perdida, andará… andará…

Se nos olhos te beijarem esta noite, viajante,

Se estremece os ramos um doce suspirar,

Se te aperta os dedos uma mão pequena

Que te toma e te deixa, que te engana e se vai.



Se não vês essa mão, nem essa boca que beija,

Se é o ar quem tece a ilusão de beijar,

Ah, viajante, que tens como o céu os olhos,

No vento fundida, me reconhecerás?



Alfonsina Storni

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